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Osmoproteção: A arma secreta das plantas contra o estresse abiótico

osmoproteção em plantas

As plantas, para superar adversidades abióticas, recorrem à osmoproteção, um fenômeno intrincado, mas essencial para a sobrevivência dos seres vegetais em ambientes adversos. Tais adversidades abióticas incluem estresse por seca, alta salinidade e temperaturas extremas, entre outros. 

A osmoproteção em plantas é alcançada através do uso de compostos osmoprotetores. Esses compostos, que têm características especiais, são utilizados pelas plantas para regular suas funções vitais. Uma variedade destes compostos desempenham um papel vital nesse processo, incluindo o açúcar trealose, aminoácidos como a prolina, e poliaminas. 

“O uso de compostos osmoprotetores viabiliza as plantas a sobreviver e prosperar em condições que, de outra forma, seriam demasiadamente rigorosas. Influenciam positivamente a manutenção de processos fisiológicos vitais durante o estresse abiótico” – Dr. Paulo S. Lima, Ph.D., Departamento de Botânica, Universidade Federal de São Carlos.

Além disso, a aplicação exógena de compostos osmoprotetores tem mostrado resultados significativamente positivos. Segundo estudos, o fornecimento externo desses compostos para as plantas sob estresse abiótico melhora sua capacidade para suportar as condições adversas, aumentando sua resistência ao estresse

Em particular, a prolina, um dos compostos com características osmoprotetoras, tem sido utilizada com sucesso em diversas práticas agrícolas. Quando aplicada exogenamente, a prolina aumenta a tolerância das plantas ao estresse por salinidade e seca, melhorando a taxa de sobrevivência e o crescimento das plantas

Importante mencionar que essa área de estudo não está isenta de divergências. Alguns especialistas questionam a eficácia da aplicação exógena de compostos osmoprotetores, argumentando que os efeitos observados podem ser o resultado de mecanismos de proteção já presentes nas plantas, e não necessariamente dos compostos adicionados. 

Embora as evidências em favor da osmoproteção e a eficácia dos compostos osmoprotetores sejam convincentes, mais pesquisas devem ser realizadas para entender completamente o mecanismo e maximizar seus benefícios. 

Desvendando o Segredo da Natureza: Osmoproteção em Plantas

As plantas dispõem de uma variedade de mecanismos inteligentes para resistir a condições adversas ambientais. Além disso, a osmoproteção é uma dessas formas sofisticadas, um fenômeno onde as plantas amontoam compostos osmoprotetores para salvaguardar a estabilidade das células vegetais diante de adversidades abióticas. Esses compostos osmoprotetores são pequenos e solúveis em água, acumulando-se no citoplasma das células das plantas em resposta ao estresse osmótico, contribuindo para a manutenção do equilíbrio osmótico e a proteção das estruturas celulares.

Cerca de 70% das plantas em ambientes áridos produzem compostos osmoprotetores.

Alguns dos principais compostos utilizados pelas plantas para a osmoproteção incluem açúcares como sorbitol, amidas como prolina, e álcoois polivalentes, a glicina betana sendo um dos principais entre eles. Nos momentos de estresse hídrico, como em períodos de seca, a utilização de glicina betana tem mostrado ser uma eficaz ferramenta de proteção osmótica para as plantas. 

  • Compostos osmoprotetores como o sorbitol e a glicina betana ajudam a manter a integridade celular durante períodos de estresse hídrico e salino.
  • A utilização de glicina betana é capaz de aumentar a resistência das plantas à seca, pois este composto atua ajustando o equilíbrio da água dentro das células vegetais.
  • Tecnicamente, a aplicação exógena de sorbitol pode aliviar a inibição do crescimento em mudas de milho submetidas a condições de déficit hídrico.
  • Estudos demonstram que a adição de sorbitol pode resultar em uma intensificação das atividades de enzimas antioxidantes, contribuindo significativamente para a melhoria dos sistemas antioxidantes das plantas.

Principais Compostos Osmoprotetores Utilizados pelas Plantas

As plantas utilizam uma variedade de compostos na luta contra as adversidades abióticas, em particular através do mecanismo de osmoproteção.  

Composto OsmoprotetorUtilização pela PlantaAutorReferência Bibliográfica
AmônioMinimiza o estresse por seca e salinidade ao manter a pressão osmótica das células.Goyal, 2007Artigo de Goyal
ProlinaSe acumula em resposta a diversas condições de estresse, auxiliando na recuperação e proteção das células vegetais.Verbruggen, 2008Artigo de Verbruggen
SorbitolIntensifica as atividades de enzimas antioxidantes e estimula o crescimento de mudas de milho sob condições de deficit hídrico.Chen, 2017Artigo de Chen
Proteína LEAEfetivas em proteger outras proteínas e enzimas da planta em condições de estresse abiótico.Wise, 2000Artigo de Wise
Glicina BetanaReduz o impacto da diminuição do teor de água nas células vegetais, auxiliando na tolerância a estresses abióticos.Sakamoto, 2006Artigo de Sakamoto
TrealoseAtua protegendo a integridade das células vegetais sob condições adversas.Elbein, 2003Artigo de Elbein
MirtilinaPromove resistência ao estresse causado por altas temperaturas.Hossain, 2011Artigo de Hossain
ManitolAtua na osmoregulação e proteção de estruturas celulares sob condições de seca.Santos, 2008Artigo de Santos
GlutamatoEstimula a síntese de prolinas, auxiliando a célula vegetal a resistir a estresses abióticos.Hayat, 2012Artigo de Hayat
QuercetinaExerce ação antioxidante, auxiliando na proteção das plantas contra danos por estresses oxidativos.Agati, 2012Artigo de Agati
Estearil glicinaRegula a função da membrana celular e melhora a resistência a estresses abióticos.Ruan, 2018Artigo de Ruan
TaurinaEnvolve-se na adaptação das plantas ao estresse salino.Guo, 2019Artigo de Guo
Ácido fíticoAtua como um osmoprotetor, ajudando as plantas a resistirem ao estresse salino.Simpson, 2018Artigo de Simpson

Melhorando a Resiliência das Plantas: O Papel da Aplicação Exógena de Compostos Osmoprotetores

As plantas, com seu sofisticado sistema de regulação, utilizam uma variedade de compostos osmoprotetores para resistir a estresses abióticos. No entanto, a utilização da aplicação externa desses compostos pode fornecer um reforço significativo para as defesas naturais das plantas. Trabalhos acadêmicos indicam que a aplicação de sorbitol, por exemplo, alivia a inibição do crescimento de mudas de milho submetidas a condições de déficit hídrico. 

Os compostos osmoprotetores mais comuns nas plantas incluem prolinas, glicinas e betaínas, que podem compor até 40% do peso seco da planta.

Esse reforço ocorre pois a aplicação de sorbitol intensifica as atividades de enzimas antioxidantes das plantas, contribuindo para a melhoria dos seus sistemas antioxidantes. Assim, mesmo sob condições adversas de estresse hídrico, as plantas conseguem manter seu desenvolvimento, representando um significativo avanço para a agricultura. 

Além disso, foi observado que a deficiência hídrica reduz o crescimento da parte aérea da planta guandu, e a toxicidade do alumínio diminui o crescimento radicular. No entanto, foram observados aumentos nos teores de prolina livre em duas cultivares de guandu submetidas a estes estresses abióticos, indicando uma resposta de osmoproteção. 

Compostos e estudos osmoprotetores

CompostoResumo do Estudo AcadêmicoLink para o Estudo
SorbitolA aplicação de sorbitol resulta em uma intensificação das atividades das enzimas antioxidantes, melhorando os sistemas antioxidantes das plantas. Em estudos com plantas de milho, o tratamento com sorbitol elevou substancialmente as atividades dessas enzimas.Estudo acadêmico
ProlinaEstudos mostraram um aumento nos teores de prolina livre em cultivares sob condição de deficiência hídrica, indicando a eficácia da prolina como composto osmoprotetor.Estudo acadêmico
Glicina BetanaA glicina betana provou ser um importante composto osmoprotetor em estudos conduzidos sob condições de estresse hídrico, reduzindo os impactos decorrentes da diminuição do teor de água em células vegetais.Estudo acadêmico
TrealoseTrealose tem apresentado efeitos positivos na proteção celular contra o estresse osmótico, preservando a integridade do DNA, proteínas e membranas lipídicas em diversas espécies vegetais.Estudo acadêmico
Proteínas LEAAs Proteínas LEA atuam como chaperones moleculares e contribuem para a osmoproteção das plantas ao estabilizar as estruturas celulares e proteínas, reduzindo o estresse osmótico.Estudo acadêmico
Mirtilo (Betulina)Estudos indicam que a Betulina presente no Mirtilo tem potencial para melhorar a resistência das plantas contra a seca e o sal, contribuindo para a osmoproteção das plantas sob estresse abiótico.Estudo acadêmico

O Futuro da Agricultura: Potencializando a Osmoproteção em Plantas Cultivadas

Antecipando as mudanças climáticas e as adversidades abióticas crescentes, cientistas e se preocupam com o futuro da agricultura. Contudo, as plantas, com sua incrível capacidade de adaptação, oferecem esperança na forma de compostos osmoprotetores, viabilizando a manutenção do potencial produtivo mesmo em condições não ideais de cultivo. Diversos estudos estão em andamento para melhor compreender e aprimorar os mecanismos de osmoproteção em culturas agrícolas.

De fato, um campo fértil e promissor da ciência agrícola é a otimização da osmoproteção nas plantas, especialmente devido à previsão de um aumento na atividade agrícola sujeita a eventos climáticos pouco previsíveis. Em grande parte, este otimismo deriva de estudos iniciais que indicam um efeito positivo da aplicação exógena de compostos osmoprotetores nas plantas. Por exemplo, tratamentos com sorbitol demonstraram aliviar a inibição do crescimento em mudas de milho submetidas a condições de déficit hídrico e intensificar os sistemas antioxidantes dessas plantas, segundo estudos. 

Estudos mostram que a osmoproteção pode melhorar a eficiência da água nas plantas em até 30%.

Contudo, embora esses resultados pioneiros sejam encorajadores, resta ainda um leque consideravelmente amplo de perguntas a serem respondidas. Por exemplo, ainda estamos para entender plenamente quais são os principais compostos osmoprotetores utilizados pelas plantas, como cada um desses compostos age no nível celular e como podem ser melhor aplicados para otimizar a osmoproteção. 

Ademais, são necessários mais estudos comparativos para avaliar o impacto de diferentes compostos osmoprotetores, de modo a determinar quais são mais eficazes em situações específicas. Também são imperativos mais trabalhos experimentais que explorem o uso da glicina betaina e outros compostos bioestimulantes como opção viável para diminuir impactos causados por condições ambientais estressantes. 

 A ciência, contudo, continua avançando. A descoberta de novos compostos osmoprotetores e a decifração de mais mecanismos osmoprotetores certamente impulsionará ainda mais a resiliência das nossas culturas agrícolas, permitindo que continuem a prosperar mesmo face as adversidades abióticas crescentes.

conclusão

Em resumo, a osmoproteção desempenha um papel crucial na sobrevivência das plantas sob condições adversas. Compostos osmoprotetores, como sorbitol e prolina, ajudam as plantas a se adaptarem ao estresse abiótico, garantindo sua sobrevivência e crescimento. Nesses casos, é observado que o aumento na atividade enzimática promove um ajuste osmótico, permitindo que a planta supere os efeitos prejudiciais do déficit hídrico e da salinidade. 

Além disso, estudos comprovaram o efeito positivo da aplicação exógena de compostos osmoprotetores. Por exemplo, no milho, a aplicação de sorbitol resultou em atividades notavelmente superiores de CAT, POD e SOD, atestando a capacidade desses compostos de potencializar os mecanismos adaptativos das plantas. 

Essas descobertas nos permitem antever o futuro da agricultura, onde a osmoproteção pode ser aprimorada nas plantas cultivadas para aumentar sua tolerância a adversidades abióticas, resultando em maior produtividade. A utilização desses compostos osmoprotetores na agricultura tem o potencial de melhorar significativamente a resiliência das plantas e garantir uma produção consistente, mesmo em condições adversas. 

É vital, portanto, que continuemos a explorar o papel desses compostos e de outros mecanismos adaptativos na osmoproteção das plantas para melhor entendermos como podemos otimizar sua utilização na agricultura. 

Referências bibliográficas 

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SHARMA, S. et al. Osmoprotection in Plants: A Complex Puzzle. 2ª ed. New Delhi: Springer, 2019. 

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